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Entenda o que é a doença de Newcastle, identificada em aviário no RS | Rio Grande do Sul

Entenda o que é a doença de Newcastle, identificada em aviário no RS | Rio Grande do Sul

Granja onde foi identificado caso da doença de Newcastle em Anta Gorda — Foto: Reprodução/RBS TV

A investigação epidemiológica foi conduzida pela Secretaria da Agricultura do RS, que destinou as amostras para o teste laboratorial. Uma apuração complementar será realizada em um raio de 10 km do local, área que abrange cerca de 800 propriedades nas cidades de Anta Gorda, Relvado, Doutor Ricardo, Putinga e Ilópolis. Ao menos 500 mil aves estão concentradas nesta região e podem contrair a doença.

Nesta quinta-feira (18), o ministro Carlos Fávaro esteve em Porto Alegre, em uma reunião do Gabinete Itinerante do Ministério da Agricultura e Pecuária. Ele afirmou que não há vestígio de mais animais doentes na própria granja e nem na região, que já esta isolada. Também disse que está comunicando os mercados da localidade.

“Nós ainda não avaliamos como uma epidemia porque é um animal que foi encontrado de um acidente que ocorreu nesta granja, em um município, numa criação de 14 mil animais”, afirma o ministro.

RS registra caso de doença de Newcastle Caso aconteceu num estabelecimento de avicultura

Especialista explica doença

O g1 conversou com um especialista sobre o assunto, o professor de Medicina de Aves da Faculdade de Medicina Veterinária da UFRGS Hamilton Luiz de Souza Moraes, que esclareceu dúvidas sobre a doença.

A DNC é uma enfermidade viral que contamina aves domésticas e silvestres. Ela é causada pelo vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário sorotipo 1 (APMV-1). Com isso, as aves apresentam sinais respiratórios, seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça.

  • Qual o impacto em humanos

O especialista explica que a doença pode causar, no máximo, conjuntivite transitória em humanos, podendo durar cerca de uma semana. A transmissão ocorre pelo contato, e não pelo consumo.

“Ela é o que a gente chama de uma zoonose classe 2. Ela não causa muitos problemas, no máximo conjuntivite, mas em uma semana, tá bom. Então não é um problema para a saúde pública, vamos dizer assim. O problema maior é para as aves mesmo”, explica.

O Ministério da Agricultura “ressalta que o consumo de produtos avícolas inspecionados pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO) permanece seguro e sem contraindicações”. A fiscalização e os processos de inspeção garantem que os produtos disponíveis para consumo não oferecem riscos à saúde humana.

A doença é transmitida por aves migratórias infectadas que fazem rotas comuns através dos continentes. Por conta disso, elas podem ter ocorrência em qualquer lugar do mundo.

“Em algum momento essas aves se cruzam, então algumas que estejam infectadas podem contaminar outras, e nos locais onde elas estavam podem sair e infectar aves domésticas”, explica.

  • Como a doença é extinta

A eliminação de todas as aves do mesmo lote é a metodologia de controle da doença. Isso ocorre pois o vírus é transmitido pelo ar, podendo contaminar ração, água e o abrigo aviário. Caso o foco não seja extinto, o surto pode se espalhar para uma região mais ampla.

A medida foi confirmada pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Mapa, em conjunto com a Seapi, que irá seguir o seguinte protocolo:

  • Eliminação e destruição de todas as aves do estabelecimento;
  • Limpeza e desinfecção do local;
  • Interdição imediata do estabelecimento avícola, suspendendo toda movimentação de aves desde o primeiro atendimento pela Seapi.

Existe uma vacina contra a doença de Newcastle, que precisa ser aplicada, preventivamente, antes da transmissão da doença.

  • Quão transmissível é a doença

A difusão da DNC é rápida, pois ocorre por um vírus transmitido pelo ar. O especialista alerta que, se as aves contaminadas saem dos locais onde estão concentradas ou se são mortas e descartadas em lugares inadequados, podem se disseminar para toda uma região.

A enfermidade também é letal, podendo matar quase 100% das aves infectadas. Por conta disso, os órgãos fiscalizadores têm uma preocupação com a dispersão.

Para garantir a contenção do surto, o Mapa afirmou que irá realizar uma investigação epidemiológica complementar em um raio de 10 quilômetros ao redor da área de ocorrência do foco.

No entanto, o especialista afirma que cada país tem um protocolo. Alguns países regionalizam em raio de 50km, podendo fechar um estado ou até o país, dependendo da disseminação da doença.

“O Japão é mais inteligente. Para 50 quilômetros, porque esse vírus se conserva bem na carne congelada, então se a gente exportar a carne com vírus, a gente pode estar contaminando outros locais”, explica.

  • Qual a recorrência da doença

No Brasil, o último registro da doença foi em 2006, nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, segundo o Ministério. O especialista afirma que o foco da doença no estado se concentrou no município de Vale Real, a cerca de 90 km de Porto Alegre. “Algumas aves morreram e outras foram eliminadas”, relembra.

  • Qual o impacto financeiro

O especialista explica que os animais sacrificados em 2006 foram um problema não apenas para as aves como também para os países que importavam o frango à época. Ele afirma que houve uma interdição do produto por cerca de três meses.

“O Brasil é o primeiro exportador mundial de carne de frango, e os países que compram a nossa carne, quando tem surtos dessa doença, não querem exportar daquele local. Então naquela época, em 2006, houve a interdição da importação por mais ou menos 3 meses”, revela.

Doença de Newcastle identificada em aviário do RS — Foto: g1



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