Em 25ª edição, Parada LGBTQIAPN+ de BH traz palco 360º e 45 artistas para a avenida Afonso Pena
É para relembrar a sociedade sobre um dos objetivos da Constituição brasileira, que é a promoção do “bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, que manifestantes realizam a 25ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de Belo Horizonte, neste domingo (21 de julho).
“O objetivo da parada é celebrar esses 25 anos de resistência e reafirmar que todos os direitos que tivemos até hoje vieram de muita luta”, afirmou Maicon Chaves, presidente do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos-MG).
Iniciado por volta das 12h, o evento reúne milhares de pessoas, entre crianças, adultos e idosos, ao redor de um palco 360° montado no encontro das avenidas Afonso Pena e Brasil, na região Centro-Sul da cidade.
Em 1998, a primeira parada foi realizada na principal via do município, a Afonso Pena. Nos últimos anos, porém, a festa foi feita na praça da Estação. A retomada para o local inicial, providenciada devido ao fechamento temporário da praça em outubro de 2023 para reformas, foi comemorada pelos organizadores e manifestantes.
“Voltar para a Afonso Pena é retomar o local mais importante das vias públicas do município. Ela é referência. Retomar e dar espaço à cidadania LGBTQIAPN+ e mostrar que nossa população tem direito a ocupar esse espaço e não vamos sair mais”, completou Chaves.
“Ocupar a principal avenida da cidade aumenta nossa visibilidade. A gente precisa ser reconhecido e respeitado”, declarou a auxiliar de logística Darah Rodrigues, de 21 anos, que é mulher panssexual. “Estar aqui representa a nossa existência. Eu sou homem trans e não conheço outros. Estar aqui significa se ver e se reconhecer”, disse o colega de trabalho de Darah, Cauê Lucas, de 20 anos.
Cauê Lucas é homem trans e conta que não conhece outros
“Na praça da Estação é mais isolado. Aqui a visibilidade é muito maior. Temos que lutar pelos nossos direitos, porque se dependermos dos outros não teremos nada”, afirmou o auxiliar contábil Samiro de Araújo, de 34 anos. O namorado dele, o aposentado Tarcísio Fernandes, de 61 anos, lembrou que as paradas de outros estados, como São Paulo e Rio, ocorrem nas principais vias. “Tem que continuar aqui”, pontuou.
Samiro de Araújo e o namorado dele Tarcísio Fernandes marcam presença na Parada LGBTQIAPN+
A médica heterossexual Larissa Schmitt, de 28 anos, reforçou a importância de que a comunidade seja respeitada. “É uma festa bonita, que deve ser valorizada por todo mundo. Estou curtindo e lutando por essa valorização. Ainda existe muita homofobia”, afirmou.
A médica heterossexual Larissa Schmitt, de 28 anos, também participa do evento
Programação
A 25ª parada terá 45 atrações artísticas locais, espalhadas durante a tarde. Às 16h, o público deverá iniciar a descida da Afonso Pena em direção à praça Sete, onde haverá o encerramento do protesto, às 20h. Ao todo, o Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos-MG), realizador da parada, espera um aumento de 17% no público na comparação com o ano passado, chegando a 350 mil manifestantes neste domingo.
Novidades
Um palco de visão 360°, com parte superior em LED e transmissão ao vivo da festa para as redes sociais, foi montado no encontro das avenidas Afonso Pena e Brasil. O som também tem tecnologia de emissão para todos os lados, segundo o Cellos-MG. Já para a descida da via foram separados seis trios elétricos.
O evento também terá tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras), executada por intérpretes. Segundo os organizadores, a parada de BH foi a primeira no país a entregar o serviço de acessibilidade. Além disso, facilitadores apoiam pessoas com deficiências diversas, como de visão e de locomoção.
A 25ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ conta com investimentos de cerca de R$ 670 mil, oriundos de aportes da Prefeitura de BH, de parlamentares, de verbas sindicais e de patrocínios, segundo o Cellos-MG. Conforme a PBH, a realização da parada de 2023 resultou em movimentação financeira de quase R$ 19 milhões.
“A parada é o maior evento de BH, e o maior encontro de movimento social organizado. É uma construção que dura muitos meses de diálogo da prefeitura com os movimentos sociais para trazer visibilidade às demandas que são feitas”, contextualizou Caio Pedra, diretor de Políticas Para a População LGBTQIAPN+.