Doença de Newcastle: setor de aves e governo se unem; ações de frigoríficos caem | Aves
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) afirmaram, em nota, que acompanham e dão suporte à ação do Ministério da Agricultura e da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul no caso de uma amostra que testou positivo para a Doença de Newcastle em uma granja comercial do Estado.
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“As autoridades federais e do Estado agiram rapidamente na identificação do caso com interdição da granja, garantindo que não houvesse saída de aves. Os protocolos oficiais estabelecidos para a mitigação da situação pontual foram acionados e o entorno segue monitorado”, disseram as entidades.
Segundo ABPA e Asgav, o processo de informação da doença à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) já foi realizado. A doença de Newcastle é de notificação obrigatória. Os últimos casos confirmados no Brasil ocorreram em 2006 e em aves de subsistência, nos Estados do Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
A principal forma de propagação do vírus da doença de Newcastle é por meio de aerossóis de aves infectadas ou de produtos contaminados. Roedores, insetos e artrópodes também contribuem para a disseminação do vírus, de acordo com o Ministério da Agricultura.
Relação comercial
No governo e no próprio setor, pelo menos por enquanto, a avaliação é de que não haverá embargo de países importadores, por conta da agilidade na apliacação dos protocolos de erradicação dos focos. “Como temos bioseguridade, não deve haver embargos”, disse um integrante do governo.
Até agora, não houve nenhum pedido de informação de mercados consumidores. De acordo com as fontes, o governo deve agir proativamente e entrar em contato com países importadores de carne de aves do Brasil para explicar a situação e as medidas adotadas.
O plano de contingência da doença de Newcastle prevê uma série de ações, de acordo com o Ministério da Agricultura.
- eliminação de todas as aves suscetíveis na unidade onde o foco foi confirmado
- destruição das carcaças, produtos, subprodutos e resíduos do sistema de produção
- desinfecção
- vazio sanitário
- aplicação de medidas estritas de biosseguridade
- utilização de animais sentinelas
- comprovação de ausência de circulação viral
- vigilância dentro da zona de proteção
Frigoríficos têm perdas
Em um dia já negativo no mercado financeiro, as ações dos frigoríficos caem, com investidores temerosos por eventuais impactos ao setor após a confirmação de um foco da doença de Newcastle no Rio Grande do Sul.
Às 11h24, os papéis da BRF recuavam 6,29%, cotados a R$ 21,17 por ação na B3. As ações da Marfrig, controladora da BRF, também operavam em baixa de 4,86%, a R$ 11,74. A JBS, dona da Seara que atua com aves e suínos, viu seus papéis caírem 2,73%, a R$ 31,36 por ação.
“A confirmação dessa notícia da doença está afetando bastante as ações dos frigoríficos”, disse Rodrigo Brolo, sócio da Critéria Investimentos.
Segundo o especialista, os investidores têm medo que as exportações sejam suspensas, mesmo que regionalmente, e com isso haja uma eventual queda no preço do frango. Até o momento, não há nenhuma confirmação de embargo por parte dos países compradores da proteína.