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BRF, Marfrig e JBS registram forte queda após foco de doença de Newcastle no RS

BRF, Marfrig e JBS registram forte queda após foco de doença de Newcastle no RS

As ações dos frigoríficos e empresas de proteína registram uma sessão de forte queda nesta quinta-feira (18): o grande destaque fica para a baixa de BRF (BRFS3; R$ 21,15, -6,37%), enquanto Marfrig (MRFG3, R$ 11,86, -3,89%), JBS (JBSS3, R$ 31,37, -2,70%) e Minerva (BEEF3, R$ 6,77, -1,88%) também caíam às 10h32 (horário de Brasília).

O movimento ocorre após notícias de que o Ministério da Agricultura (MAPA) confirmou na quarta-feira (17) à noite foco de doença de Newcastle (DNC) em uma granja comercial de aves localizada no município de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul. Já a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirmou que uma amostra testou positivo para a doença de Newcastle em uma granja avícola no Estado do Rio Grande do Sul. Os protocolos oficiais estabelecidos são projetados para mitigar o risco, acrescentou.

A DNC é uma doença viral que afeta aves domésticas e silvestres e causa sinais respiratórios seguidos por manifestações nervosas.

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Conforme destaca a XP Investimentos, as agências afirmam que o protocolo sanitário para a doença de Newcastle é semelhante ao da influenza aviária altamente patogênica (gripe aviária), já que ambas as doenças fazem parte do mesmo programa de contingência.

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Serão aplicados os procedimentos de erradicação do surto estabelecidos no Plano de Contingência da Influenza Aviária e da Doença de Newcastle, com o abate de todas as aves e a limpeza e desinfecção do local. Também será realizada uma investigação complementar em um raio de 10 km ao redor da área onde ocorreu o surto.

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Os países que adotam suspensões temporárias em caso de gripe aviária também devem embargar as exportações de aves do Rio Grande do Sul até que haja mais esclarecimentos sobre o encerramento do surto da doença. Entre esses países, destaca-se que o Japão (8% das exportações do 1S24) e a China (12% das exportações do 1S24) provavelmente imporão restrições.

O Estado do Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de carne de frango do País. De janeiro a junho, foram 354.207 toneladas embarcadas pelo Estado, com receita de US$ 630,1 milhões, de acordo com os dados Agrostat, sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro.

“Nossa avaliação indica que nem a BRF nem a Seara (unidade de aves da JBS) têm fábricas na cidade onde o surto foi relatado. Portanto, nenhuma das empresas listadas foi diretamente afetada. Nossa análise indica que a BRF tem 3 plantas de aves no Rio Grande do Sul (de 19), enquanto a Seara tem apenas 1 (de 23). Além disso, sugere que a planta mais próxima da BRF está localizada a cerca de 55 quilômetros (km) do município de Anta Gorda, enquanto a planta da Seara está localizada a cerca de 80 km de distância”, afirmam Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, analistas da XP que assinam o relatório.

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A equipe de análise aponta que o setor avícola está passando por um ciclo forte, refletindo custos mais baixos e forte demanda nos mercados doméstico e de exportação. Já a principal preocupação dos investidores é o aumento da oferta devido às margens positivas, o que poderia fazer com que os preços da carne de frango caíssem. O forte momentum das exportações tem sido crucial para garantir o equilíbrio entre oferta e demanda (O&D).

“Dada a representatividade do Rio Grande do Sul (10,5% da produção do Brasil em 2023; 14,8% das exportações) e a possível suspensão temporária das exportações, vemos um risco crescente para o cenário equilibrado de O&D mencionado acima, especialmente após as recentes indicações de que os embarques no Brasil em julho poderiam aumentar para 615 milhões de cabeças (+8% ano a ano)”, avalia.

Assim, por conta da maior incerteza em torno do cenário de O&D de aves no Brasil, a corretora já projetava que as ações das empresas de proteína, como BRF e JBS, tivessem um desempenho negativo no pregão de hoje.

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O Itaú BBA também vê como um potencial obstáculo para a BRF e a JBS, dado que ambas as empresas têm exposição à indústria brasileira de frango. “Embora acreditemos que é muito cedo para dizer se as exportações de frango serão encerradas ou não, o fluxo de notícias recentes sugere que as probabilidades de esse risco de cauda ocorrer estão aumentando. Se a doença não for contida, as operações da BRF e da Seara enfrentariam um cenário de excesso de oferta no mercado interno, uma vez que as exportações fossem parcialmente interrompidas e seus volumes são redirecionados para os mercados internos”, aponta.

Em 2023, cerca de 25% do faturamento da BRF está vinculado às exportações brasileiras de frango, enquanto a JBS tem aproximadamente 6% de exposição no faturamento. “Além disso, notamos também que a diversificação da JBS, especialmente na PPC – sua subsidiária de frango com exposição nos EUA, Europa e México – também poderiam absorver parte do vento contrário no Brasil”, afirma o BBA.

O banco também vê leituras cruzadas para Marfrig. “O caso confirmado de gripe aviária pode ser visto como uma notícia negativa para a Marfrig, já que a empresa tem exposição indireta ao mercado avícola por meio de sua participação na BRF equidade. Além disso, em um cenário em que o Brasil não consiga exportar sua produção de frango, o excesso de oferta doméstica de proteína poderia pressionar os preços da carne bovina brasileira”, avalia.



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