Após suposta ‘fraude’ de Nego Di para vaquinha do RS, organizador se manifesta
Com R$ 77 milhões recebidos na vaquinha de ajuda às vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul, o influenciador conhecido como Badin, o Colono, que foi o grande organizador da campanha solidária, se manifestou nas redes sociais sobre o caso do Nego Di. O humorista foi acusado de “fraudar” a doação e ter enviado um valor de R$ 100, quando divulgou que iria mandar R$ 1 milhão.
Segundo Badin, ele explicou como foi o contato com Nego Di e o humorista explicou de que forma cairia o dinheiro na conta. “Durante as enchentes, ele ajudou muito na divulgação de muita coisa. Teve um dia que ele me chamou e falou: ‘Cara, eu quero doar R$ 1 milhão para a vaquinha’. Falei: ‘Velho, maravilhoso, perfeito. Vou negar doação? Meta bala’”, afirmou o gaúcho.
“Aí ele disse: ‘Um pessoal vai fazer essa doação direto para a vaquinha – que era onde entravam todas as doações -, que vai ser em um valor total de R$ 1 milhão, mas vai entrar em partes’. Falei: ‘Cara, show de bola, quando achar melhor’”, acrescentou.
“Ele me mandou aquele comprovante, eu postei e agradeci porque eu estava feliz mesmo, ia entrar uma doação de R$ 1 milhão, assim como fiquei feliz quando qualquer pessoa doava R$ 5 ou R$ 10. Mas R$ 1 milhão é um valor muito grande e eu fiquei feliz pela doação e por isso postei e comemorei.
Badin apontou que em um dia chegou a receber R$ 10 milhões e não tinha como acompanhar todas as doações. “Teve dia que entrou mais de R$ 10 milhões na vaquinha. Eu não tinha como ficar acompanhando se as doações que ele falou que ia ser feita, se elas entraram ou não. A gente seguiu a vida”, apontou.
“O dinheiro, dessa vez, foi totalmente administrado pelo Instituto Vakinha. As demandas chegavam até mim, eu repassava para eles e eles destinavam. O dinheiro entrou tudo direto na conta do Instituto Vakinha, era tudo eles que faziam o gerenciamento. Não tinha como eu saber se a doação dele entrou ou não”, concluiu.
Doação
Preso desde o último domingo (14), Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, foi desmascarado. Durante as enchentes do Rio Grande do Sul, o humorista havia divulgado que fez uma doação de R$ 1 milhão, mas foi apontado que na mesma data foi encontrado um pix de apenas R$ 100.
Nego Di está preso preventivamente em Canoas, no Rio Grande do Sul, por suspeita de estelionato. Por isso, autoridades acessaram os documentos bancários do ex-BBB.
De acordo com a Band do Rio Grande do Sul, no dia da suposta doação milionária para ajudar as vítimas das enchentes no estado foi encontrado apenas um pix de R$ 100.
Na época, ele anunciou que ele e sua esposa, Gabriela Sousa, tomaram a decisão em conjunto de fazer a doação milionária. “A gente conversou bastante, e eu fiz uma escolha que não foi fácil, confesso para vocês, mas a gente fez essa escolha de coração. Decidi doar R$ 1 milhão para o Rio Grande do Sul. Mandei R$ 1 milhão para a vaquinha do meu parceiro Badin [Colono], que já estava em R$ 50 milhões”, disse ele.
Vale ressaltar que a esposa do comediante também é investigada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul por lavagem de cerca de R$ 2 milhões com rifas virtuais promovidas nas redes sociais. Recentemente ela foi presa por portar uma arma de uso exclusivo das Forças Armadas, sem registro.
Enquanto isso, o Ministério Público aponta que vai se manifestar do caso da doação de Nego Di depois que for feita uma análise dos documentos coletados durante o mandado de busca e apreensão feitos na casa do ex-BBB.
Entenda as investigações
As investigações apontam que desde 2022, Nego Di, junto com seu sócio Anderson Bonetti, que também é suspeito de estelionato, e está foragido com mandado de prisão preventiva expedido, vendiam produtos que nunca foram entregues. Ainda conforme a PC o prejuízo das 370 vítimas no esquema liderado pelo ex-bbb, ultrapassa a casa dos R$ 5 milhões de reais.
Os advogados de defesa de Nego Di dizem, em nota, que “mantém a confiança de que o Poder Judiciário verificará a desnecessidade da prisão preventiva neste momento, considerando os fatos e as circunstâncias do caso”. Ainda de acordo com a Justiça, a prisão foi mantida com base em argumentos do MP: risco de fuga e porque Nego Di seguiria cometendo crimes.
“O indeferimento foi porque há elementos suficientes para a manutenção da prisão preventiva, apresentada a questão da lesão que foi causada em inúmeras pessoas. Tem, então, indícios suficientes da participação dele nesses estelionatos. Por isso, por ora, ele vai ser mantido segregado”, diz o delegado Cristiano Reschke, ao G1.
O humorista chegou a Porto Alegre nesse domingo (14), após ser preso preventivamente pela Polícia Civil do RS na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, Santa Catarina. Na última sexta (12), ele havia sido alvo de uma operação do Ministério Público por suspeita de lavagem de dinheiro. Segundo Sodré, o humorista foi direcionado para a Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan).
As investigações a partir de agora está entrando em uma nova fase, de ‘aprofundar a questão patrimonial’, de acordo com o Chefe da Polícia do RS, Delegado Fernando Sodré.
“Verificar a questão da lavagem de dinheiro, algum tipo de bem patrimonial, crime patrimonial envolvido”, detalha Sodré, ao g1. Ainda conforme a PC o prejuízo das 370 vítimas no esquema liderado pelo humorista Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, ultrapassa a casa dos R$ 5 milhões de reais.