Alvos da Abin paralela relatam represálias e choque com algozes
Em 2020, Pozzer chegou a se mudar para a mesma cidade em que Leal vivia no interior do Paraná, segundo o cofundador do coletivo. “Descobrimos que ele postava fotos da nossa cidade com ameaças. Quando gravamos o documentário Extremistas.br [Globoplay], ele foi entrevistado em um lugar a 15 minutos de onde eu morava com a minha família”, relata.
Familiares tiveram de se mudar de endereço por causa das ameaças. Leal lembra que teve dificuldades em explicar aos parentes que teriam de sair de casa porque estavam sendo perseguidos. Segundo o diretor do Sleeping Giants, eles tiveram que passar o Natal de 2020 separados e ficaram três meses em outro endereço.
Procurada pelo UOL, a defesa de Pozzer nega que ele tenha perseguido Leal. O advogado Jeffrey Chiquini, que defende o investigado, afirma que ele “não possuía contato algum com autoridades e militares”. O relatório da PF, no entanto, mostra que ele trocou várias mensagens com Giancarlo Rodrigues, da Abin, e chegou a afirmar que tinha uma “linha direta” com Bolsonaro por meio de dois assessores do Planalto.
É muito absurdo porque quando observamos o que aconteceu em 2021, pensamos que esses dados eram lançados na internet e compartilhados em perfis. Mas ver o Pozzer brifado pelo Giancarlo faz a gente olhar com muito mais cuidado, entendendo que houve um monitoramento ilegal do Sleeping Giants instrumentalizado pelo governo.
Leonardo Leal, co-fundador do coletivo Sleeping Giants
Richards não possuía contato algum com autoridades e militares. Richards apenas, nas horas vagas, realizava pesquisas e consultas públicas sobre agentes públicos sujeitos a probidade e moralidade pública, exercendo direito constitucional. Richards nunca teve acesso a documentos sigilosos. Richards sempre morou na mesma cidade e trabalhou na mesma empresa de engenharia. Estamos surpresos com essas informações tão desconexas e distantes da realidade. Estão acusando um cidadão honesto e inocente
Nota da defesa de Richards Pozzer